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segunda-feira, 9 de junho, 2025
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Gatos reconhecem donos pelo cheiro, aponta estudo japonês

Um estudo inédito conduzido por pesquisadores da Universidade de Agricultura de Tóquio, no Japão, revelou que gatos domésticos conseguem distinguir seus tutores de pessoas desconhecidas apenas pelo olfato. A pesquisa foi publicada na revista científica PLOS One e amplia o conhecimento sobre a relação sensorial entre felinos e humanos.

Embora já se soubesse que os gatos usam o olfato para identificar outros da mesma espécie — como no caso de filhotes que cheiram mais gatas estranhas do que suas mães —, até então não havia evidência clara de que esse mecanismo também se aplicava ao reconhecimento humano.

Para realizar o experimento, os cientistas expam 30 gatos a tubos com hastes de algodão impregnadas com odores corporais de seus tutores (axilas, orelhas e dedos dos pés), de pessoas desconhecidas e de uma amostra neutra (placebo). O resultado foi claro: os felinos demonstraram mais interesse pelos cheiros de estranhos, o que indica que reconhecem o odor familiar e se intrigam mais com o novo.

Narinas como ferramenta de reconhecimento

Além do tempo de exposição aos cheiros, os pesquisadores notaram um fenômeno curioso: os gatos cheiravam os odores desconhecidos primeiro com a narina direita, e à medida que se familiarizavam, avam a usar mais a narina esquerda. Esse padrão, conhecido como lateralização olfativa, já havia sido observado em cães, cavalos e aves, e está ligado ao funcionamento cerebral — o lado direito do cérebro tende a processar estímulos novos e potencialmente ameaçadores.

“Os gatos podem ter usado suas narinas direitas com mais frequência durante a exploração olfativa inicial por causa da experiência de um possível alarme e medo de novos odores”, diz o artigo.

Personalidade felina também influencia comportamento

O estudo também investigou como a personalidade dos gatos influencia esse comportamento. Os tutores responderam a um questionário online avaliando traços como ansiedade, sociabilidade, extroversão e agradabilidade.

Os gatos mais ansiosos, por exemplo, cheiravam os tubos repetidamente, enquanto os mais sociáveis realizavam a tarefa com mais tranquilidade. Embora a personalidade não tenha alterado o tempo que cada gato investiu em cada cheiro, ela influenciou a ordem de interesse.

Gatos que cheiraram o tubo placebo primeiro apresentaram maiores índices de neuroticismo, enquanto os que começaram pelo odor conhecido mostraram mais extroversão. Já aqueles que se dirigiram primeiro aos cheiros, sejam familiares ou estranhos, marcaram níveis mais altos de agradabilidade.

Esfregar-se é carinho — e reconhecimento

Outro comportamento observado foi o de marcação por contato, quando o gato se esfrega em pessoas ou objetos. Os cientistas perceberam que esse comportamento era mais comum quando os gatos entravam em contato com o cheiro de seus tutores.

“Esses resultados sugerem que o comportamento de marcação, acompanhado pela exploração olfativa, consiste em uma série de ações habituais. Esfregar os donos pode ser uma forma de demonstrar afeto”, concluem os pesquisadores.

O estudo reforça o que muitos tutores já suspeitavam: os gatos reconhecem sim seus donos — e o fazem principalmente pelo cheiro.

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