O sentimento de orgulho de ser brasileiro recuou e o pessimismo em relação ao futuro do país aumentou, segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira (13). O levantamento mostra que 74% dos entrevistados dizem ter mais orgulho do que vergonha da nacionalidade, o menor índice desde 2017. Por outro lado, a parcela dos que afirmam sentir mais vergonha subiu para 24%, ante 16% na pesquisa anterior, feita em 2023.
Evolução dos sentimentos em relação à nacionalidade
De acordo com a pesquisa, o orgulho nacional vem apresentando queda nos últimos anos. Em 2023, 83% dos brasileiros se declaravam orgulhosos, enquanto 16% afirmavam ter mais vergonha. A pior marca histórica ocorreu em 2017, quando o índice de orgulho chegou a apenas 50%, quase empatado com os 47% que disseram sentir mais vergonha. O auge do sentimento de orgulho foi registrado em 2010, com 89%.
Resultados atuais sobre orgulho da nacionalidade:
- Mais orgulho do que vergonha: 74% (eram 83% em 2023)
- Mais vergonha do que orgulho: 24% (eram 16%)
- Não sabem: 2% (eram 1%)
- Outras respostas: 1% (estável)
O recorte político mostra que o orgulho é mais presente entre os eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Entre aqueles que disseram ter votado no presidente no segundo turno de 2022, 85% afirmam ter mais orgulho do que vergonha. Entre os que pretendem votar novamente em Lula nas eleições de 2026, o índice sobe para 88%.
Já entre os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), 65% dizem ter mais orgulho do que vergonha, e 33% item ter mais vergonha da nacionalidade. Entre os que declararam que votariam em Bolsonaro novamente em 2026, os números permanecem próximos: 64% com mais orgulho e 35% com mais vergonha. Bolsonaro está atualmente inelegível até 2030, após condenação por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Cresce o pessimismo em relação ao futuro do Brasil
O Datafolha também apontou um aumento no pessimismo entre os brasileiros. A parcela dos que se dizem pessimistas com o país subiu de 47% em 2023 para 50% na pesquisa atual. Já o otimismo caiu de 35% para 31%. Os hesitantes (nem otimistas nem pessimistas) representam 19% dos entrevistados.
Percepção sobre o futuro do Brasil:
- Pessimistas: 50% (eram 47%)
- Otimistas: 31% (eram 35%)
- Hesitantes: 19% (eram 18%)
O pico de pessimismo registrado na série histórica foi em outubro de 2018, às vésperas do primeiro turno das eleições presidenciais, quando o índice chegou a 58%.
O levantamento também mostra um corte político na percepção sobre o futuro do Brasil. Entre os eleitores de Lula, 47% se dizem otimistas, enquanto o índice entre os bolsonaristas cai para 18%.
Avaliação do governo Lula
Na quinta-feira (12), o Datafolha já havia divulgado outro dado que reforça o cenário de insatisfação: a avaliação do governo Lula. Segundo o instituto, 40% dos brasileiros classificam a gestão como ruim ou péssima — o pior índice de aprovação dos três mandatos de Lula.
Outros 28% consideram o governo ótimo ou bom, e 31% avaliam como regular. Os números mostram estabilidade em relação à pesquisa anterior, realizada em abril.
Avaliação do governo Lula:
- Ruim/péssimo: 40% (eram 38% em abril)
- Regular: 31% (eram 32%)
- Ótimo/bom: 28% (eram 29%)
- Não sabem: 1% (estável)
Metodologia da pesquisa
O levantamento foi realizado presencialmente nos dias 10 e 11 de junho, com 2.004 pessoas de 16 anos ou mais, em 136 municípios de todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.